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Cultura

Caciques das 5 regiões afirmam que mudanças climáticas impactam campo

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Períodos longos de estiagem ou temporadas de chuvas intensas causam estranhamento em líderes indígenas nas cinco regiões do país. Mais do que surpresa, as mudanças climáticas impactam a produção no campo e afetam a qualidade de vida de comunidades inteiras, segundo caciques que estão presentes no Acampamento Terra Livre (ATL), em Brasília, nesta semana. 

Ouvidos pela Agência Brasil, cinco caciques de diferentes partes do Brasil lamentam a destruição e a poluição dos recursos naturais e também as pressões dos não indígenas contra seus locais preservados.

Região Sudeste

O cacique Baiara Pataxó, de 64 anos, que vive em uma comunidade na cidade de Açucena, Minas Gerais, testemunha que, na última década, as plantações de mandioca, milho e feijão deixaram de render como antes. Os produtos são vendidos para comerciantes das cidades próximas e sustentam a comunidade formada por 80 pessoas.

“Antes, as chuvas começavam em setembro. Nos últimos anos, só em dezembro. Claro que isso não é normal”, diz Baiara Pataxó.

Além das mudanças climáticas, a comunidade em Minas Gerais foi impactada pelo crime ambiental de 25 de janeiro de 2019, quando a barragem da Mina Córrego do Feijão, da mineradora Vale, em Brumadinho, se rompeu. Além de causar a morte de 272 pessoas, os rejeitos poluíram os rios Doce e Corrente, na região. “Tudo isso tem sido terrível. Atualmente, estamos trabalhando na recomposição de 45 mil mudas de árvores nativas e frutíferas. Vinte indígenas estão trabalhando nessa tarefa”, afirma.

Região Norte

A relação das mudanças climáticas com outras ações criminais também é presenciada pelo cacique Dario Kopenawa Yanomami, de 39 anos, que vive em Roraima.

“Estamos convivendo lá com a invasão dos mineradores e garimpeiros. Somos uma comunidade de 32 mil pessoas sofrendo com mudanças climáticas e, ao mesmo tempo, com a contaminação pelo mercúrio”, lamenta.

O cacique verifica que as chuvas tiveram regime alterado e estão “bem diferentes” do que eram na adolescência e infância dele na região.

“Temos  pedido nossas chuvas aos nossos xamãs [guias religiosos]. Mas é fato que a roça de taioba, a macaxeira e a banana não são como antes.”

Região Nordeste

O cacique Tchydjo Ue, de 76 anos, do povo Fulni-ô, vive em uma aldeia, na cidade de Pacatuba, em Sergipe, onde estão 86 famílias. Ele considera que hoje o cenário é completamente transformado em relação ao tempo da juventude.

“Estamos próximos do litoral (96 quilômetros), mas é muito mais quente do que antes. Os mais jovens têm sentido a dificuldade de trabalhar na roça e acabam desistindo”, diz o cacique.

As mudanças de clima combinaram com as de comportamento.

“Os jovens também se transformaram. Querem ir embora. Vivem na internet e no celular”, afirma. Para diversificar as atividades, o líder indígena diz que tem estimulado a atividade do artesanato, já que o milho, a mandioca e o feijão nem são o suficiente para subsistência.  Outra atividade é de conhecimento da natureza. “Sou chamado para falar na Europa e nos Estados Unidos sobre os saberes indígenas, mas é preciso que saibam mais da gente por aqui.”

Região Centro-Oeste

A destruição do cerrado e as mudanças de clima foram acompanhadas de perto pela cacique Tanoné, que tem 70 anos e vive no Distrito Federal desde o ano de 1986. Ela lembra, com lamento, que Brasília tinha temporadas frias, o que “desapareceu”. 

Na comunidade em que ela vive, no Setor Noroeste, há 16 famílias. Na região, que cresceu com a expansão imobiliária, ela diz que tem atuado para recompor o cenário. São 16 hectares de área em que as plantações de milho, feijão, jatobá e algodão iluminavam o cenário.

“O feijão virou raro. O algodão, também. Ou é falta de chuvas ou temporais intensos”. A cacique pediu a entes governamentais a plantação dos ipês para voltar a deixar o lugar com cores novas. 

Região Sul

Na cidade de José Boiteux, em Santa Catarina, uma comunidade de 2,3 mil pessoas da etnia xokleng está preocupada com a aproximação da temporada de chuvas, que se tornaram mais intensas na última década.

Segundo o cacique Setembrino, de 53 anos, da mesma etnia, o trabalho principal agora é ficar atento às cheias e ensinar preservação ambiental para os indígenas em sala de aula.

“É certo estar atento à Amazônia, mas precisamos lembrar também do Sul. Estamos trabalhando agora com o plantio do pinheiro. A gente tem que olhar para agora e depois.”  

“Como passou a chover muito mais, a barragem de contenção costuma chegar ao limite com recorrência. Nós não temos mais lugar seguro para morar”, diz uma das lideranças da comunidade etnia xokleng, Geomar Crendô. 

Fonte: Agência Brasil

https://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2024-04/caciques-das-5-regioes-afirmam-que-mudancas-climaticas-impactam-campo

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Cultura

Unesco declara Parque dos Lençóis Maranhenses Patrimônio da Humanidade

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A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) declarou o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses (foto) como Patrimônio Natural da Humanidade. A decisão foi anunciada nesta sexta-feira (26) na 46ª sessão do Comitê do Patrimônio Mundial da Unesco, realizado até o fim do mês em Nova Délhi, na Índia. 

O parque, localizado a cerca de 250 quilômetros de  São Luís, capital do Maranhão, foi criado há mais de 40 anos. Ele é o maior campo de dunas da América do Sul, com 155 mil hectares.

Ou seja, maior que a cidade de São Paulo, sendo famoso pelas lagoas cristalinas que se formam entre as dunas brancas no período de chuvas. Atualmente, a gestão é feita pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

Conquista

O governador do Maranhão, Carlos Brandão, comemorou a notícia. Na rede social X (antigo Twitter), Brandão disse que a decisão da Unesco foi uma grande conquista para o estado. 

“Sem dúvida, este reconhecimento fortalecerá o turismo e a preservação deste tesouro natural maranhense. Agradeço aos membros do Comitê do Patrimônio pela aprovação”, disse Brandão.

Entre os requisitos atendidos pelo parque para obter o título figuram a beleza natural, os geológicos significativos e os habitats para a conservação da biodiversidade, incluindo espécies ameaçadas. O dossiê de candidatura dos Lençóis Maranhenses foi encaminhado em 2018.

O Brasil já possui sete sítios declarados Patrimônio Natural Mundial: o Parque Nacional de Iguaçu, em Foz do Iguaçu; as reservas de Mata Atlântica, em São Paulo e Paraná; a Costa do Descobrimento, na Bahia e Espírito Santo; as áreas Protegidas da Amazônia Central e do Pantanal; a Chapada dos Veadeiros e o Parque Nacional das Emas, em Goiás; além do arquipélago de Fernando de Noronha e o Atol das Rocas. O título conferido ao Parque dos Lençóis Maranhenses é o oitavo da lista.

Edição: Kleber Sampaio

Fonte: Agência Brasil

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Cultura

Bíblia com mais de 250 anos trazida por alemães é salva da enchente no RS; semana celebra bicentenário da imigração alemã

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Uma bíblia com mais de 250 anos, traduzida do grego para o antigo alemão, quase se perdeu na enchente que atingiu o Rio Grande do Sul durante o mês de maio. A rápida decisão de uma funcionária evitou que o valioso item fosse submerso pelas águas que invadiram o Museu Histórico Visconde de São Leopoldo, na Região Metropolitana de Porto Alegre.

A bíblia é o item mais antigo da coleção do museu e carrega consigo um vínculo com a história da imigração alemã no Brasil, que comemora o bicentenário nesta quinta-feira (25).

“Choveu, sim, mas não tínhamos ideia de que poderia ser tão sério. Quando estávamos fechando, nossa funcionária lembrou da Bíblia. Ela voltou, a pegou e a levou para um lugar seguro”, recorda Ingrid Marxen, diretora de relações institucionais do museu.

Ingrid Marxen, de 76 anos, é aposentada e faz parte do grupo de voluntários responsável pelo acervo do museu. Ao preservar objetos como a bíblia, Ingrid e outros voluntários não apenas protegem fragmentos da história, mas também perpetuam o legado de resiliência e esperança dos pioneiros alemães.

“Em 1765, ela [a Bíblia] já era antiga quando eles vieram. A gente não sabe quem trouxe, mas com certeza em 1824 já não seria mais nova. Eles tinham tanta coisa para trazer, porque eles iam embora para não voltar mais, e daí traziam uma Bíblia deste tamanho. Não é uma bíblia qualquer”, comenta.

200 anos da Imigração Alemã no RS

Piano foi destruído

No entanto, os voluntários não vão conseguir recuperar um dos objetos atingidos pela enchente: um piano alemão de 120 anos. A peça, segundo o historiador Rodrigo Trespach, é a única que não tem possibilidade de restauro.

“A água atingiu mais de um 1,5 m [dentro do museu], só que, quando estabilizou, ela ficou mais ou menos uma semana com água dentro”, explica Trespach.

O museu foi atingido no primeiro fim de semana do mês de maio. Além do piano, o historiador diz que parte do imobiliário e alguns objetos também foram danificados, mas que têm chance de recuperação.

Bicentenário da Imigração Alemã

O bicentenário da imigração alemã no Brasil é um marco histórico que remonta a ida de milhares de alemães que buscavam uma nova vida em terras brasileiras.

“A Alemanha não era a Alemanha que nós conhecemos hoje. Era uma confederação de pequenos estados, de vários tamanhos, não era um país unificado. Então, havia uma situação, depois de anos de guerra, nas guerras napoleônicas, de fome, de pobreza e também de excedente populacional”, contextualiza Rodrigo Trespach.

A vinda dos alemães ao Brasil no século 19 acontecia por meio de uma viagem de navio, que partia de portos europeus, em uma travessia com quase seis meses de duração.

A ideia de Dom Pedro I, com esse movimento, era o estabelecimento de colônias agrícolas estratégicas e a formação de um exército forte para a defesa do território brasileiro.

O primeiro grupo de imigrantes alemães desembarcou no país em julho de 1824. Os imigrantes foram inicialmente recebidos no Rio de Janeiro e, posteriormente, se estabeleceram no Sul do Brasil, incluindo São Leopoldo, onde o museu agora preserva seus legados.

No município, ponto de chegada de muitos desses imigrantes, o Porto das Telhas se tornou um marco histórico. Ali, abrigados inicialmente no galpão da Real Feitoria do Linho Cânhamo, começaram a receber terras e recursos essenciais para iniciar suas novas vidas. Cada família recebia 77 hectares de terra, além de animais, sementes e ferramentas fundamentais para o cultivo e a construção de suas propriedades.

“Os primeiros imigrantes desembarcaram aqui em julho de 1824. São Leopoldo se tornou um ponto de referência para a comunidade alemã, com famílias se estabelecendo e contribuindo significativamente para o desenvolvimento agrícola da região”, detalha Trespach.

Com o passar dos anos, o fluxo de imigração alemã para São Leopoldo e arredores continuou a crescer significativamente. Em pouco tempo, milhares de alemães haviam se estabelecido na região, contribuindo não apenas para o desenvolvimento agrícola, mas também para a cultura e a economia local. Esse movimento migratório não só transformou paisagens rurais, criando novas comunidades e tradições, mas também deixou um legado duradouro que é celebrado até os dias de hoje.

Fonte: g1 Foto: Reprodução/ RBS TV

Por Observador Regional

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Cultura

Notas da 1ª família do real viram febre entre colecionadores e podem custar até R$ 5 mil

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Após a decisão do Banco Central (BC) de tirar de circulação as notas da 1ª família do real, lançadas em 1994, a procura por esses tipos de cédulas aumentou entre os colecionadores, especulando preços que podem chegar a R$ 5 mil. O recolhimento será feito pelos próprios bancos: quando uma agência receber a nota por meio de algum tipo de operação de pagamento, depósito ou troca, ela não voltará mais à circulação e será substituída.

Mas, os valores entre o mundo numismático (estudo, coleção e pesquisa de moedas e notas) variam conforme o estado de conservação do dinheiro. A mais cara é chamada de “flor de estampa” — aquela que nem saiu do pacote ou nem foi dobrada. Segundo Ademir Fernandes, dono da Casa das Cédulas e colecionador, a nota de R$ 50 da família que está saindo de circulação e em perfeitas condições pode chegar a custar R$ 5.900 em seu catálogo (registro que rege o mercado do colecionismo).

Porém, depende, já que “uma nota para um colecionador depois que foi dobrada perdeu o valor”, acrescentou ele. Por isso, mesmo que a procura aumente, e quem não tinha antes se dispõe a colecioná-las, aquelas que estão saindo de circulação já são usadas — e, portanto, não custando tanto quanto especulam —, explicou Ademir.

As de R$ 2 e R$ 10 são as mais procuradas, por serem as mais baratas no mercado, no valor inicial de R$ 12 cada uma.

Mas, outro fator que influencia no custo de cada cédula é a chancela, ou seja, a assinatura do ministro em função quando a nota foi fabricada. Além do número de série presente na parte inferior do dinheiro, que varia a cada 100 mil produzidas.

Por isso, se o ministro ficou pouco tempo no cargo, a tiragem de cédulas com a sua assinatura é menor e, portanto, a cédula fica mais rara e se valoriza.

Rodrigo Pedroso, colecionador e profissional na área Numismática, vende a nota de R$ 100 flor de estampa, com a assinatura do Ministro Rubens Ricupero, por R$ 550.

A de R$ 1 tem um modelo mais raro, segundo ele, custando R$ 300, com as letras BA no registro da série e as assinaturas de Pedro Malan ou Gustavo Loyola.

Assim, o especialista afirma que uma coleção completa pode ser feita por R$ 800.

Mas, existem diferentes tipos de colecionadores. Enquanto alguns colecionam por série, ou seja, todas as notas de R$ 1 que foram produzidas (14 diferenciações), outros o fazem por tipo de assinatura. Dessa forma, o preço pode ir muito além do previsto.

Atualmente, as cédulas que serão recolhidas pelos bancos representam cerca de 3% do dinheiro em circulação. Segundo o BC, ao todo, há 7,6 bilhões de notas das duas famílias do real na economia.

Confira quais são as notas que irão parar de circular:

*Sob supervisão de Guilherme Niero

Por: CNN Brasil

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