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“É uma cicatriz que nunca mais sai”, diz vítima durante júri de três réus por ataque a judeus em Porto Alegre

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Quase 18 anos após um ataque a três jovens judeus, no bairro Cidade Baixa, em Porto Alegre, teve início na tarde desta terça-feira (28) o depoimento de uma das vítimas. Rodrigo Fontella Matheus, 34 anos, foi esfaqueado, enquanto estava em frente a um bar, em maio de 2005. O estudante e dois amigos foram cercados por um grupo de ideologoia neonazista. Estão sendo julgados Valmir Dias da Silva Machado Júnior, Israel Andriotti da Silva e Leandro Maurício Patino Braun — a previsão é de que o júri se estenda por pelo menos três dias.

A pedido da vítima, o depoimento não pôde ser acompanhado pela imprensa. Mas houve transmissão de trechos do relato pelas redes sociais do Tribunal de Justiça (TJ). Rodrigo explicou que naquela madrugada eles estavam usando quipá, uma cobertura para a cabeça utilizada pelos judeus como sinal de humildade, simbolizando que Deus está acima de tudo. Descreveu também que tinha em mãos uma caixa de matzá, um pão ázimo sem fermentação.

A vítima explicou que a data em que foram agredidos, 8 de maio, tem importância histórica para o povo judeu, marcando o fim da Segunda Guerra Mundial. O Ministério Público afirma que o grupo agiu naquela data com intuito de demonstrar sua insatisfação com a comunidade judaica. Rodrigo relatou que simplesmente começaram a ser atacados pelo grupo em fúria.

— Tentei me encolher, proteger o rosto, não imaginava que estavam com faca — lembrou a vítima.

Rodrigo, que atualmente reside em Israel, e precisou ser ouvido por videoconferência, relatou que possui traumas até hoje do episódio:

— Tive pesadelos, não conseguia sair na rua.(…) Esta noite não dormi, não comi direito.

— É uma cicatriz que nunca mais sai — complementou em seguida.

Mesmo sem residir no Brasil, Rodrigo diz que ainda sente medo.

— É um movimento mundial — afirmou, sobre a perseguição aos judeus por grupos com ideologia neonazista.

Indagado pelas defesas, Rodrigo disse que só recorda de um dos agressores, que acredita ser alguém parecido com o réu Israel.

Às 15h45min, iniciou-se o depoimento da segunda vítima a ser ouvida. Edson Nieves Santanna, que também não está em Porto Alegre nesta terça, é ouvido por videoconferência. Assim como Rodrigo, ele solicitou que o relato não seja acompanhado pela imprensa.

O julgamento

O depoimento de Rodrigo é o primeiro do julgamento, no qual ainda devem ser ouvidos os outros dois agredidos, além de 11 testemunhas — cinco de acusação e seis das defesas —, além dos interrogatórios dos três réus.

Neste primeiro dia, foi realizado o sorteio dos nomes dos sete jurados. O Conselho de Sentença foi formado por três mulheres e quatro homens. Antes dos depoimentos, os jurados precisaram ouvir a reprodução de mídias, primeiro por parte do Ministério Público e, depois, da defesa de Israel, que apresentou áudios nos quais os envolvidos falavam sobre o que teria ocorrido no dia do ataque.

Dos três réus, somente dois participam do júri nesta terça-feira — pela parte de Leandro está presente somente a defesa. Os três chegaram a ser presos na época do  crime, mas foram libertados cerca de cem dias depois, e atualmente respondem em liberdade. No fim da manhã, a juíza suspendeu o julgamento para almoço. A sessão foi retomada por volta das 14h, com o depoimento de Rodrigo.

Os três réus respondem por tentativa de homicídio contra Rodrigo. As agressões sofridas pelos outros dois foram consideradas lesão corporal e o crime prescreveu, motivo pelo qual eles serão julgados somente pelo ataque a uma das vítimas.

No entendimento do Ministério Público, os réus agiram por motivo torpe, que seria somente pelo fato de a vítima ser um judeu, também por meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima.

Contrapontos

O que diz a defesa de Israel Andreotti da Silva

Os advogados José Paulo Schneider dos Santos, Matheus da Silva Antunes e João Augusto Ribeiro Kovalski enviaram nota, na qual sustentam a inocência do cliente e alegam que Israel nunca teve posição de liderança nesses grupos neonazistas. A defesa sustenta que o réu chegou a integrar um grupo, mas se retirou antes de 2005. Confira a nota:

“A defesa de Israel Andreotti da Silva aguarda há quase 18 anos o desfecho deste injusto processo. Adverte-se que, durante o julgamento, serão apresentadas provas da inocência de Israel, sobretudo os áudios constantes no processo, que explicam, de maneira detalhada, a dinâmica e quem foram os verdadeiros responsáveis deste bárbaro crime. Será demonstrando, ainda, que Israel jamais exerceu liderança nos grupos investigados, sendo que a própria denúncia não lhe atribui tal fato. Ademais, será provado que, à época dos fatos, Israel não possuía qualquer tipo de contato ou ligação com as pessoas investigadas. Por fim, esta defesa confia nos Jurados e Juradas do Porto Alegre/RS que, com tranquilidade, responsabilidade e coerência irão desfazer aquele que é o maior e mais longo erro da história do Judiciário gaúcho”.

O que diz a defesa de Valmir Dias da Silva Machado Júnior

Os advogados Manoel Pedro Castanheira e Gustavo Gemignani enviaram nota, na qual também afirmam a inocência do cliente. Confira:

“A defesa de Valmir Dias da Silva Machado Júnior, por seus procuradores Manoel Pedro Castanheira e Gustavo Gemignani, afirma que será, na defesa em plenário, que se comprovará a total inocência de seu cliente, com a prova já apresentada no processo, desde seu início. Reafirma a total confiança de que será feita a justiça a Valmir.”

O que diz a defesa de Leandro Maurício Patino Braun

Procurado, o advogado Rodrigo de Lima Noble optou por não se manifestar sobre o caso.

Outros julgamentos

  • Em 15 de setembro de 2018, Thiago Araújo da Silva e Laureano Vieira Toscani foram condenados por tentativa de homicídio e duas lesões corporais a 13 anos de prisão, e Fábio Roberto Sturm, a 12 anos e oito meses.
  • Em 23 de março de 2019, Daniel Vieira Sperk e Leandro Comaru Jachetti foram sentenciados a 14 anos de prisão. O mesmo Conselho de Sentença desclassificou a tentativa de homicídio imputada a um sexto réu para lesões corporais e foi declarada extinta a punibilidade do crime por prescrição.
  • Cinco réus não foram pronunciados pela tentativa de homicídio e, portanto, não serão julgados pelo Tribunal do Júri.

Fonte: GZH

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Cultura

Unesco declara Parque dos Lençóis Maranhenses Patrimônio da Humanidade

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A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) declarou o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses (foto) como Patrimônio Natural da Humanidade. A decisão foi anunciada nesta sexta-feira (26) na 46ª sessão do Comitê do Patrimônio Mundial da Unesco, realizado até o fim do mês em Nova Délhi, na Índia. 

O parque, localizado a cerca de 250 quilômetros de  São Luís, capital do Maranhão, foi criado há mais de 40 anos. Ele é o maior campo de dunas da América do Sul, com 155 mil hectares.

Ou seja, maior que a cidade de São Paulo, sendo famoso pelas lagoas cristalinas que se formam entre as dunas brancas no período de chuvas. Atualmente, a gestão é feita pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

Conquista

O governador do Maranhão, Carlos Brandão, comemorou a notícia. Na rede social X (antigo Twitter), Brandão disse que a decisão da Unesco foi uma grande conquista para o estado. 

“Sem dúvida, este reconhecimento fortalecerá o turismo e a preservação deste tesouro natural maranhense. Agradeço aos membros do Comitê do Patrimônio pela aprovação”, disse Brandão.

Entre os requisitos atendidos pelo parque para obter o título figuram a beleza natural, os geológicos significativos e os habitats para a conservação da biodiversidade, incluindo espécies ameaçadas. O dossiê de candidatura dos Lençóis Maranhenses foi encaminhado em 2018.

O Brasil já possui sete sítios declarados Patrimônio Natural Mundial: o Parque Nacional de Iguaçu, em Foz do Iguaçu; as reservas de Mata Atlântica, em São Paulo e Paraná; a Costa do Descobrimento, na Bahia e Espírito Santo; as áreas Protegidas da Amazônia Central e do Pantanal; a Chapada dos Veadeiros e o Parque Nacional das Emas, em Goiás; além do arquipélago de Fernando de Noronha e o Atol das Rocas. O título conferido ao Parque dos Lençóis Maranhenses é o oitavo da lista.

Edição: Kleber Sampaio

Fonte: Agência Brasil

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Zico tem mala roubada com itens de valor em frente a hotel em Paris; prejuízo supera R$ 1 milhão

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O ex-jogador Zico teve um prejuízo milionário ao ter uma mala roubada na entrada do hotel onde está hospedado em Paris. Os itens subtraídos somam cerca de 200 mil euros, o equivalente a R$ 1,2 milhão, na cotação da manhã desta sexta (26).

A imprensa francesa chegou a afirmar que a perda chegaria aos 500 mil euros (R$ 3 milhões), mas fontes ouvidas pelo g1 atestam que esse valor não procede.

O crime ocorreu na noite de quinta-feira (25) na capital francesa, véspera da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos.

O ídolo do Flamengo está na capital francesa na condição de embaixador do Time Brasil nas Olimpíadas. As informações sobre o roubo foram divulgadas pelo jornal “Le Parisién” e confirmadas pelo g1.

O “Parisién” afirma que, entre os itens subtraídos, estavam um relógio Rolex, uma joia cravejada de diamantes e notas de euro e de dólar.

Zico estava em frente ao hotel onde está hospedado, do 19º distrito de Paris, junto com sua mulher, saindo do carro de uma empresa de transporte. A suspeita é que os ladrões agiram em dupla — enquanto um distraía o casal e o motorista, o outro abriu o carro e levou a mala embora.

Até as 8h da manhã desta sexta-feira, nem o jogador, nem sua assessoria haviam se manifestado publicamente sobre o episódio.

Embaixador nos Jogos Olímpicos

Zico foi anunciado como Embaixador do Time Brasil em fevereiro. A ideia do COB era ter nesse posto um ídolo do esporte brasileiro que nunca tinha disputado os Jogos Olímpicos.

O ex-jogador participou do Pré-Olímpico para Munique-1972, mas ficou fora da lista final. Na ocasião, o Brasil caiu na fase de grupos após fazer apenas um ponto.

“Fiquei muito sensibilizado e feliz, por ser do esporte, por adorar participar e ver competições de outras modalidades. Recebi o convite do COB, aceitei de imediato. É uma honra para nós, como brasileiros. Não tive a chance de disputar os Jogos Olímpicos. Isso me frustrou muito na época, por ter jogado todo o Pré-Olímpico. Receber esse convite me fez ver que era a oportunidade de conhecer de perto uma competição que eu admiro bastante. É bacana para quem ama e adora o esporte” declarou Zico, na época.

Fonte: g1

Foto: Divulgação

MB Notícias

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Acidente me Júlio de Castilhos- RS deixa sete feridos

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Acidente veicular colisão frontal, na Br 158 próximo a entrada do Rincão dos Bastos, envolvendo um celta prata, de Júlio de Castilhos e uma Duster, de Tupã, resultando sete vítimas sendo dois ocupantes do celta e cinco na Duster..

Os cinco ocupantes da Duster- quatro deles da mesma família – sofreram lesões leves (motorista, 50 anos, natural de Tupanciretã; passageira, 38 anos, natural de Quevedos; passageira, 18 anos, natural de Tupanciretã; passageiro, 12 anos, natural de Tupanciretã; passageiro, 13 anos, natural de Ibirubá). Já os dois ocupantes do Celta, mãe e filho (condutora, 33 anos, natural de Gravataí, e passageiro, 8 anos, natural de São Miguel do Oeste), sofreram lesões graves.

O atendimento do acidente foi concluído pela equipe PRF e o trânsito flui normalmente no local.

Todos encaminhados ao HBSB para avaliação médica e exames complementares, vítimas com escoriações porém estáveis, atenderam a ocorrência Bombeiros Militar de Júlio e Santa Maria, SAMU Júlio, ambulância do município e PRF,

Fonte de texto:

Edição Galerananet e

PRF Santa Maria

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