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Cultura

Especialistas destacam segurança da vacinação completa contra pólio

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A vacinação contra a poliomielite foi capaz de erradicar a doença de continentes inteiros, evoluiu com a chegada de tecnologias mais avançadas e já mantém a doença longe das crianças brasileiras há mais de 30 anos. Mesmo assim, a queda das coberturas vacinais têm sido motivo de preocupação de pesquisadores da área, que garantem que o esquema vacinal completo proposto pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) protege as crianças contra a paralisia infantil e praticamente anula a possibilidade de ocorrem eventos adversos graves.

No Brasil, todos os bebês devem receber a vacina inativada contra a poliomielite (VIP) aos 2 meses, 4 meses e 6 meses de idade. Essa vacina é aplicada, de forma injetável, desde 2012, e seu uso trouxe mais segurança à imunização contra a pólio, porque o conteúdo da vacina é o vírus “morto”, inativado, o que afasta qualquer risco de replicação viral após a vacinação.

Já imunizadas com essas três doses, as crianças brasileiras devem receber as famosas gotinhas da vacina oral contra a poliomielite (VOP), aos 15 meses e aos 4 anos de idade, como um reforço na imunização. A praticidade da vacina também faz com que seja a usada nas campanhas de vacinação em massa, como a realizada pelo Ministério da Saúde, entre 8 de agosto e 30 de setembro. 

Quando a vacina oral é administrada sem que a inativada tenha sido aplicada antes, há um risco extremamente raro de que o vírus atenuado, presente nas gotinhas, cause eventos adversos, como a própria paralisia, explica a vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Isabela Ballalai. A médica lembra que casos como esse também foram erradicados no Brasil desde que o esquema de vacinação passou a contar com as três doses da vacina inativada.

“Desde que o Brasil iniciou a vacinação com as três primeiras doses [em 2012], não se viu mais nenhum caso de pólio vacinal. Antes disso, a incidência era de um caso a cada 2,450 milhões de doses aplicadas”, explica Isabela Ballalai. “O mais importante é que todas as crianças tenham tomado a VIP, porque elas vão ficar protegidas de vírus vacinal, vão ficar protegidas quando tomarem a VOP e vão ficar protegidas se a gente tiver um surto de qualquer um dos tipos de poliovírus”. 

Investigação no Pará

Ao descartar que o caso de uma criança com paralisia flácida aguda no Pará possa ser de poliomielite ocasionada pelo vírus da cepa selvagem, o Ministério da Saúde indicou a possibilidade de o sintoma ter sido causado por uma vacinação indevida. “Na caderneta de vacinação da criança não consta registro de vacina inativada poliomielite (VIP), que deve ser administrada anteriormente à VOP (das gotinhas). Em geral, a vacina poliomielite oral (VOP) é bem tolerada, e muito raramente está associada a algum evento adverso grave. Destaca-se que o risco de paralisia flácida aguda com a VOP é muito raro e que quando a VOP é aplicada como reforço após o esquema básico com a vacina VIP, esse risco é praticamente nulo”, informou o ministério.

A pasta também divulgou números que comprovam a segurança do esquema vacinal contra a poliomielite. “De 1989 até 2012, de 764 milhões de doses de VOP aplicadas em crianças de todo país ocorreram somente 50 casos de pólio vacinal. A partir de 2012, com a introdução do esquema sequencial VIP/VOP, não ocorreram mais casos de pólio vacinal no país”.

O caso de paralisia flácida no Pará ainda está sendo investigado pela Secretaria de Estado de Saúde do Pará e pelo Ministério da Saúde, e outras hipóteses diagnósticas ainda não foram descartadas, como Síndrome de Guillain Barré. Segundo o ministério, a criança foi atendida ambulatorialmente, não chegou a ser internada e evolui bem, com recuperação da força muscular. Outro ponto que a pasta frisa é que o tipo de poliovírus detectado não tem caráter transmissível e não altera o cenário epidemiológico no território nacional, onde não há casos confirmados de poliomielite desde o ano de 1989.

Isabella Ballalai explicou que a investigação a ser realizada passa também pelo sequenciamento do poliovírus encontrado nas fezes da criança. “O fato de o vírus vacinal ter sido encontrado nas fezes de uma criança que tomou a vacina oral não significa que ela esteja com uma paralisia flácida causada pelo vírus. Para ela ter essa resposta, é preciso investigar outras causas, e identificar o sequenciamento desse vírus para saber se é o vírus daquela vacina”, afirma. “Ainda estamos esperando o sequenciamento desse vírus para dar nome e sobrenome a ele”.

A médica acrescenta que casos de paralisia causada por vírus vacinal normalmente estão associados a situações como desnutrição e imunodepressão, e que não há risco de um surto por conta da detecção do poliovírus. “Não tem nenhuma necessidade de pânico, e o que a gente tem que fazer é vacinar as crianças menores de cinco anos, colocá-las em dia com o calendário”. 

Coberturas vacinais

Para o presidente do Departamento de Infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria, Marco Aurélio Sáfadi, independentemente do resultado da investigação do caso no Pará, é preciso deixar claro aos pais e responsáveis por crianças que o calendário vacinal contra a poliomielite é seguro e deve ser cumprido de forma integral. 

“O recado que tem que ficar para os pais é que o esquema de vacinação que o Brasil adota para poliomielite é isento de qualquer tipo de risco uma vez que seja obedecido”, afirmou Sáfadi, que ressaltou a segurança da vacina oral e seu papel na prevenção de dezenas de milhares de casos de paralisia infantil. “Mesmo na época em que a vacinação era feita apenas com essa vacina, [o vírus vacinal] era um evento muito raro, um evento que ocorria uma vez a cada 1 ou 2 milhões de crianças vacinadas. A vacina tanto é segura que contribuiu para eliminar a doença aqui no país há mais de 30 anos”. 

A coordenadora do Observatório de Saúde na Infância (Observa Infância) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Patrícia Boccolini, disse que a vacina oral tem uma contribuição importante para o sistema público de saúde e não deve ser temida pelos responsáveis.

“Tanto a VIP quanto a VOP têm um propósito. A VOP é importantíssima para nós, é crucial no nosso calendário”, afirma. “Aqui no Brasil, a gente pensa pelo ponto de vista de que a VOP é prática. Não precisa de nenhum profissional com tanta expertise para aplicar, porque são gotinhas. Ela também é de fácil transporte, fácil refrigeração. Ela tem inúmeras vantagens e inúmeros porquês para a gente ainda estar aplicando”.

A pesquisadora da Fiocruz pede que os pais não deixem de imunizar as crianças com todas as doses previstas no calendário do PNI, porque o Brasil se encontra em uma situação preocupante, com baixas coberturas vacinais para diversas doenças. 

Segundo o Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI), as doses previstas para a vacina inativada contra a pólio atingiram a meta de 95% do público-alvo pela última vez em 2015, quando a cobertura foi de 98,29% das crianças nascidas naquele ano.

Depois de 2016, a cobertura caiu para menos de 90%, chegando 84,19% no ano de 2019. Em 2020, a pandemia da covid-19 impactou as coberturas de diversas vacinas, e esse imunizante chegou a apenas 76,15% dos bebês. Em 2021, o percentual ficou abaixo de 70% pela primeira vez, com 69,9%. No Pará, onde foi registrada a suspeita, o percentual foi ainda menor, de 55,73%.

O problema não se limita ao Brasil, e a Organização Pan-Americana de Saúde listou o país e mais sete nações da América Latina como áreas de alto risco para a reintrodução da poliomielite.

Fonte:RDFOCO

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Cultura

Unesco declara Parque dos Lençóis Maranhenses Patrimônio da Humanidade

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A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) declarou o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses (foto) como Patrimônio Natural da Humanidade. A decisão foi anunciada nesta sexta-feira (26) na 46ª sessão do Comitê do Patrimônio Mundial da Unesco, realizado até o fim do mês em Nova Délhi, na Índia. 

O parque, localizado a cerca de 250 quilômetros de  São Luís, capital do Maranhão, foi criado há mais de 40 anos. Ele é o maior campo de dunas da América do Sul, com 155 mil hectares.

Ou seja, maior que a cidade de São Paulo, sendo famoso pelas lagoas cristalinas que se formam entre as dunas brancas no período de chuvas. Atualmente, a gestão é feita pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

Conquista

O governador do Maranhão, Carlos Brandão, comemorou a notícia. Na rede social X (antigo Twitter), Brandão disse que a decisão da Unesco foi uma grande conquista para o estado. 

“Sem dúvida, este reconhecimento fortalecerá o turismo e a preservação deste tesouro natural maranhense. Agradeço aos membros do Comitê do Patrimônio pela aprovação”, disse Brandão.

Entre os requisitos atendidos pelo parque para obter o título figuram a beleza natural, os geológicos significativos e os habitats para a conservação da biodiversidade, incluindo espécies ameaçadas. O dossiê de candidatura dos Lençóis Maranhenses foi encaminhado em 2018.

O Brasil já possui sete sítios declarados Patrimônio Natural Mundial: o Parque Nacional de Iguaçu, em Foz do Iguaçu; as reservas de Mata Atlântica, em São Paulo e Paraná; a Costa do Descobrimento, na Bahia e Espírito Santo; as áreas Protegidas da Amazônia Central e do Pantanal; a Chapada dos Veadeiros e o Parque Nacional das Emas, em Goiás; além do arquipélago de Fernando de Noronha e o Atol das Rocas. O título conferido ao Parque dos Lençóis Maranhenses é o oitavo da lista.

Edição: Kleber Sampaio

Fonte: Agência Brasil

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Cultura

Bíblia com mais de 250 anos trazida por alemães é salva da enchente no RS; semana celebra bicentenário da imigração alemã

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Uma bíblia com mais de 250 anos, traduzida do grego para o antigo alemão, quase se perdeu na enchente que atingiu o Rio Grande do Sul durante o mês de maio. A rápida decisão de uma funcionária evitou que o valioso item fosse submerso pelas águas que invadiram o Museu Histórico Visconde de São Leopoldo, na Região Metropolitana de Porto Alegre.

A bíblia é o item mais antigo da coleção do museu e carrega consigo um vínculo com a história da imigração alemã no Brasil, que comemora o bicentenário nesta quinta-feira (25).

“Choveu, sim, mas não tínhamos ideia de que poderia ser tão sério. Quando estávamos fechando, nossa funcionária lembrou da Bíblia. Ela voltou, a pegou e a levou para um lugar seguro”, recorda Ingrid Marxen, diretora de relações institucionais do museu.

Ingrid Marxen, de 76 anos, é aposentada e faz parte do grupo de voluntários responsável pelo acervo do museu. Ao preservar objetos como a bíblia, Ingrid e outros voluntários não apenas protegem fragmentos da história, mas também perpetuam o legado de resiliência e esperança dos pioneiros alemães.

“Em 1765, ela [a Bíblia] já era antiga quando eles vieram. A gente não sabe quem trouxe, mas com certeza em 1824 já não seria mais nova. Eles tinham tanta coisa para trazer, porque eles iam embora para não voltar mais, e daí traziam uma Bíblia deste tamanho. Não é uma bíblia qualquer”, comenta.

200 anos da Imigração Alemã no RS

Piano foi destruído

No entanto, os voluntários não vão conseguir recuperar um dos objetos atingidos pela enchente: um piano alemão de 120 anos. A peça, segundo o historiador Rodrigo Trespach, é a única que não tem possibilidade de restauro.

“A água atingiu mais de um 1,5 m [dentro do museu], só que, quando estabilizou, ela ficou mais ou menos uma semana com água dentro”, explica Trespach.

O museu foi atingido no primeiro fim de semana do mês de maio. Além do piano, o historiador diz que parte do imobiliário e alguns objetos também foram danificados, mas que têm chance de recuperação.

Bicentenário da Imigração Alemã

O bicentenário da imigração alemã no Brasil é um marco histórico que remonta a ida de milhares de alemães que buscavam uma nova vida em terras brasileiras.

“A Alemanha não era a Alemanha que nós conhecemos hoje. Era uma confederação de pequenos estados, de vários tamanhos, não era um país unificado. Então, havia uma situação, depois de anos de guerra, nas guerras napoleônicas, de fome, de pobreza e também de excedente populacional”, contextualiza Rodrigo Trespach.

A vinda dos alemães ao Brasil no século 19 acontecia por meio de uma viagem de navio, que partia de portos europeus, em uma travessia com quase seis meses de duração.

A ideia de Dom Pedro I, com esse movimento, era o estabelecimento de colônias agrícolas estratégicas e a formação de um exército forte para a defesa do território brasileiro.

O primeiro grupo de imigrantes alemães desembarcou no país em julho de 1824. Os imigrantes foram inicialmente recebidos no Rio de Janeiro e, posteriormente, se estabeleceram no Sul do Brasil, incluindo São Leopoldo, onde o museu agora preserva seus legados.

No município, ponto de chegada de muitos desses imigrantes, o Porto das Telhas se tornou um marco histórico. Ali, abrigados inicialmente no galpão da Real Feitoria do Linho Cânhamo, começaram a receber terras e recursos essenciais para iniciar suas novas vidas. Cada família recebia 77 hectares de terra, além de animais, sementes e ferramentas fundamentais para o cultivo e a construção de suas propriedades.

“Os primeiros imigrantes desembarcaram aqui em julho de 1824. São Leopoldo se tornou um ponto de referência para a comunidade alemã, com famílias se estabelecendo e contribuindo significativamente para o desenvolvimento agrícola da região”, detalha Trespach.

Com o passar dos anos, o fluxo de imigração alemã para São Leopoldo e arredores continuou a crescer significativamente. Em pouco tempo, milhares de alemães haviam se estabelecido na região, contribuindo não apenas para o desenvolvimento agrícola, mas também para a cultura e a economia local. Esse movimento migratório não só transformou paisagens rurais, criando novas comunidades e tradições, mas também deixou um legado duradouro que é celebrado até os dias de hoje.

Fonte: g1 Foto: Reprodução/ RBS TV

Por Observador Regional

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Cultura

Notas da 1ª família do real viram febre entre colecionadores e podem custar até R$ 5 mil

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Após a decisão do Banco Central (BC) de tirar de circulação as notas da 1ª família do real, lançadas em 1994, a procura por esses tipos de cédulas aumentou entre os colecionadores, especulando preços que podem chegar a R$ 5 mil. O recolhimento será feito pelos próprios bancos: quando uma agência receber a nota por meio de algum tipo de operação de pagamento, depósito ou troca, ela não voltará mais à circulação e será substituída.

Mas, os valores entre o mundo numismático (estudo, coleção e pesquisa de moedas e notas) variam conforme o estado de conservação do dinheiro. A mais cara é chamada de “flor de estampa” — aquela que nem saiu do pacote ou nem foi dobrada. Segundo Ademir Fernandes, dono da Casa das Cédulas e colecionador, a nota de R$ 50 da família que está saindo de circulação e em perfeitas condições pode chegar a custar R$ 5.900 em seu catálogo (registro que rege o mercado do colecionismo).

Porém, depende, já que “uma nota para um colecionador depois que foi dobrada perdeu o valor”, acrescentou ele. Por isso, mesmo que a procura aumente, e quem não tinha antes se dispõe a colecioná-las, aquelas que estão saindo de circulação já são usadas — e, portanto, não custando tanto quanto especulam —, explicou Ademir.

As de R$ 2 e R$ 10 são as mais procuradas, por serem as mais baratas no mercado, no valor inicial de R$ 12 cada uma.

Mas, outro fator que influencia no custo de cada cédula é a chancela, ou seja, a assinatura do ministro em função quando a nota foi fabricada. Além do número de série presente na parte inferior do dinheiro, que varia a cada 100 mil produzidas.

Por isso, se o ministro ficou pouco tempo no cargo, a tiragem de cédulas com a sua assinatura é menor e, portanto, a cédula fica mais rara e se valoriza.

Rodrigo Pedroso, colecionador e profissional na área Numismática, vende a nota de R$ 100 flor de estampa, com a assinatura do Ministro Rubens Ricupero, por R$ 550.

A de R$ 1 tem um modelo mais raro, segundo ele, custando R$ 300, com as letras BA no registro da série e as assinaturas de Pedro Malan ou Gustavo Loyola.

Assim, o especialista afirma que uma coleção completa pode ser feita por R$ 800.

Mas, existem diferentes tipos de colecionadores. Enquanto alguns colecionam por série, ou seja, todas as notas de R$ 1 que foram produzidas (14 diferenciações), outros o fazem por tipo de assinatura. Dessa forma, o preço pode ir muito além do previsto.

Atualmente, as cédulas que serão recolhidas pelos bancos representam cerca de 3% do dinheiro em circulação. Segundo o BC, ao todo, há 7,6 bilhões de notas das duas famílias do real na economia.

Confira quais são as notas que irão parar de circular:

*Sob supervisão de Guilherme Niero

Por: CNN Brasil

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