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Morre o ex-ministro Eliseu Padilha, aos 77 anos

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Um dos mais articulados políticos de sua geração, o ex-ministro e ex-deputado federal Eliseu Padilha morreu na noite desta segunda-feira (13), em Porto Alegre. Aos 77 anos, Padilha sucumbiu ante um câncer que enfrentava desde 2018. Ele estava internado no Hospital Moinhos de Vento desde 22 de fevereiro de 2023. O falecimento ocorreu às 22h49min.

Eliseu Lemos Padilha era um exímio observador da cena política nacional. Em quatro mandatos de deputado no Congresso Nacional, antecipava com precisão o resultado de votações importantes, sendo considerado um oráculo pelos colegas. Tamanha capacidade de previsão fazia dele um analista político cobiçado pelo governo de plantão e sempre consultado pelos demais partidos, fossem aliados ou adversários.

Para exercer o dom, Padilha montava extensas planilhas nas quais computava a intenção de voto de cada parlamentar. A partir do mapeamento prévio, entrava em ação conversando ao pé de ouvido com os colegas que considerava ser passíveis de mudar de posição. Foi assim que atuou em momentos decisivos dos governos Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), Dilma Rousseff (2011-2016) e Michel Temer (2016-2018), nos quais foi ministro.

Padilha nasceu em Canela, na serra gaúcha, na antevéspera do Natal de 1945. Filho de um casal vinculado ao trabalhismo, demorou a se interessar por política. Primeiro, se encantou pelas artes, atuando em peças de teatro e na banda marcial do Colégio Maria Imaculada. Se consagrou nos palcos vivendo ora Gumercindo Tavares, personagem do monólogo As Mãos de Eurídice, de Pedro Bloch, ora tocando com rara precisão pistom e corneta — habilidade que lhe rendeu o primeiro emprego, como afinador em uma fábrica de acordeões.

Na mesma época, Padilha começava a dar os primeiros passos na política, se aproximando dos grêmios estudantis. Em seguida, passaria a acompanhar um dos mais proeminentes políticos da região, Pedro Simon. Em 1966, ao se formar em Contabilidade, Padilha escolheu Simon como paraninfo da turma. À época, o emedebista montava a comissão provisória do partido em Canela, entregando ao pupilo o cargo de secretário-executivo.

Padilha não permaneceu muito tempo na cidade. No ano seguinte, mudou-se para Tramandaí, ingressando no ramo da construção civil no Litoral Norte. Em parceria com o empresário Affonso Penna Khury, se tornou um dos maiores incorporadores imobiliários da região.

Passou todo o regime militar atuando na iniciativa privada, mas sem jamais se desligar da política. Formado em Direito pela Unisinos, em 1988 concorreu a prefeito de Tramandaí. Numa disputa ferrenha, venceu o candidato do PDT por apenas 90 votos de diferença (3.556 a 3.466). Ao final do mandato, já era um dos mais atuantes quadros do MDB, sendo um dos principais estrategistas da exitosa campanha que elegeu Antônio Britto governador do Estado em 1994.

Padilha se elegeu deputado federal no mesmo ano, mas acabou seduzido pelo convite de Britto para assumir a Secretaria Estadual do Trabalho, Cidadania e Assistência Social. O encanto durou pouco e, ao cabo de 10 meses, assumiu a cadeira na Câmara. Não tardou a galgar o posto de vice-líder do PMDB, atuando com destreza na aprovação da emenda da reeleição, que permitiu um segundo mandato consecutivo para presidente, governadores e prefeitos.

A desenvoltura logo atraiu a atenção do líder do partido, Michel Temer, então debutando na Casa. No início de 1997, quando o então presidente Fernando Henrique Cardoso precisou aumentar sua base de sustentação no Congresso e decidiu levar o MDB ao governo, Padilha deu o grande salto. Indicado por Temer, e chancelado por Britto e Nelson Jobim, chegou ao Ministério dos Transportes.

Na mesma época, Temer assumia pela primeira vez a presidência da Câmara. Logo estabeleceram amizade profunda e leal. Com o fluminense Moreira Franco, assessor de Temer na presidência da Casa, formaram um dos mais influentes triunviratos do MDB.

Na Esplanada, Padilha não tardou a lapidar os atributos de articulador político. Ao mesmo tempo, se especializou na coordenação de campanhas eleitorais, ajudando na vitória de aliados país afora. Em compensação, enfrentou as primeiras adversidades. Sob a suspeita de cobrança de propina para liberação de pagamentos no Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER, atual Dnit), demitiu dois diretores e passou incólume pelo escândalo.

Padilha se elegeu para dois mandatos sucessivos na Câmara, em 2002 e 2006. Chegou a sonhar em concorrer ao governo do Estado em 2006, mas abandonou a ideia após o fracasso naquele ano da pré-candidatura presidencial do então governador Germano Rigotto, o que levou o correligionário a disputar a reeleição.

Em 2010, tomou um susto ao ficar de suplente de deputado, após deixar a própria eleição em segundo plano para ajudar na montagem da aliança com o PT na chapa Dilma-Temer e na coordenação da campanha emedebista nos Estados. Sua atuação contrariou aliados gaúchos, já que PT e MDB são adversários históricos no Rio Grande do Sul, mas jamais diminuiu sua influência no partido. Pensou em concorrer ao Senado em 2014, mas novamente abortou o plano em razão da dedicação à reeleição da dupla Dilma-Temer.

Voltaria à Esplanada em 2015, após a reeleição de Dilma. Na época, o governo sofria forte rejeição nas ruas e no Congresso. Escalado como ministro-chefe da Secretaria de Aviação Civil, na verdade tinha como missão ajudar na articulação do governo com sua base parlamentar. Todavia, diante dos desacertos entre Dilma e Temer, deixou o cargo em 11 meses e passou a ajudar o vice-presidente nas articulações políticas em meio ao processo de impeachment.

Com Dilma fora do governo e Temer instalado no principal gabinete do Palácio do Planalto, Padilha foi chefe da Casa Civil e articulador do novo governo. Conduziu a aprovação da reforma trabalhista e coordenou as votações que barraram em plenário duas denúncias criminais que poderiam afastar Temer da Presidência.

Logo tornou-se também alvo da Lava-Jato. Em setembro de 2017, Padilha foi um dos sete nomes denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por organização criminosa. Segundo a PGR, o grupo pediria propina em troca de influência em pastas e estatais. No dia 7 de março de 2023, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) manteve a decisão que absolveu, em 2021, os políticos acusados no caso, entre eles Padilha.

Ao final do governo Temer, em 2018, enfrentou problemas sérios de saúde. Em janeiro de 2019, fez um autotransplante de medula no Hospital Beneficência Portuguesa, em São Paulo, para erradicar um mieloma múltiplo. O procedimento exigiu sessões de quimioterapia que o enfraqueceram bastante. Em 18 de julho do mesmo ano, sofreu hemorragia cerebral superficial, ficando internado no Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre.

A doença e as complicações jurídicas fizeram Padilha submergir. Evitava aparições públicas e declarações sobre conjuntura política, dedicando-se apenas à família e aos negócios. Em 2022, voltou a circular durante a pré-campanha de Gabriel Souza, seu afilhado político, ao governo do Estado. Participou de articulações na formação de alianças e ajudou Gabriel a convencer o MDB a indicá-lo vice de Eduardo Leite na chapa ao Piratini. Esteve na festa da vitória e voltou a despachar na sede do partido, no centro de Porto Alegre, delegando tarefas e cobrando resultados.

Em fevereiro, Padilha soube que o câncer já estava em fase de metástase. Foi internado para fazer quimioterapia, mas as sessões não surtiram o efeito desejado, e o quadro se agravou nos últimos dias.

Padilha deixa sua esposa, Simone Camargo, seis filhos (Christiane, Aline, Robinson, Taoana, Tales e Elena), cinco netos (Catherine, Victor, Letícia, Gabriella e Rafael) e o irmão, João Padilha.

O velório ocorrerá na quarta-feira (15), das 10h às 17h, no Palácio Piratini, em Porto Alegre, em solenidade aberta ao público. Após, o corpo será leavdo ao Angelus Memorial e Crematório para uma cerimônia restrita aos familiares.

 *Colaborou Anderson Aires

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Cultura

Unesco declara Parque dos Lençóis Maranhenses Patrimônio da Humanidade

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A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) declarou o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses (foto) como Patrimônio Natural da Humanidade. A decisão foi anunciada nesta sexta-feira (26) na 46ª sessão do Comitê do Patrimônio Mundial da Unesco, realizado até o fim do mês em Nova Délhi, na Índia. 

O parque, localizado a cerca de 250 quilômetros de  São Luís, capital do Maranhão, foi criado há mais de 40 anos. Ele é o maior campo de dunas da América do Sul, com 155 mil hectares.

Ou seja, maior que a cidade de São Paulo, sendo famoso pelas lagoas cristalinas que se formam entre as dunas brancas no período de chuvas. Atualmente, a gestão é feita pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

Conquista

O governador do Maranhão, Carlos Brandão, comemorou a notícia. Na rede social X (antigo Twitter), Brandão disse que a decisão da Unesco foi uma grande conquista para o estado. 

“Sem dúvida, este reconhecimento fortalecerá o turismo e a preservação deste tesouro natural maranhense. Agradeço aos membros do Comitê do Patrimônio pela aprovação”, disse Brandão.

Entre os requisitos atendidos pelo parque para obter o título figuram a beleza natural, os geológicos significativos e os habitats para a conservação da biodiversidade, incluindo espécies ameaçadas. O dossiê de candidatura dos Lençóis Maranhenses foi encaminhado em 2018.

O Brasil já possui sete sítios declarados Patrimônio Natural Mundial: o Parque Nacional de Iguaçu, em Foz do Iguaçu; as reservas de Mata Atlântica, em São Paulo e Paraná; a Costa do Descobrimento, na Bahia e Espírito Santo; as áreas Protegidas da Amazônia Central e do Pantanal; a Chapada dos Veadeiros e o Parque Nacional das Emas, em Goiás; além do arquipélago de Fernando de Noronha e o Atol das Rocas. O título conferido ao Parque dos Lençóis Maranhenses é o oitavo da lista.

Edição: Kleber Sampaio

Fonte: Agência Brasil

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Zico tem mala roubada com itens de valor em frente a hotel em Paris; prejuízo supera R$ 1 milhão

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O ex-jogador Zico teve um prejuízo milionário ao ter uma mala roubada na entrada do hotel onde está hospedado em Paris. Os itens subtraídos somam cerca de 200 mil euros, o equivalente a R$ 1,2 milhão, na cotação da manhã desta sexta (26).

A imprensa francesa chegou a afirmar que a perda chegaria aos 500 mil euros (R$ 3 milhões), mas fontes ouvidas pelo g1 atestam que esse valor não procede.

O crime ocorreu na noite de quinta-feira (25) na capital francesa, véspera da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos.

O ídolo do Flamengo está na capital francesa na condição de embaixador do Time Brasil nas Olimpíadas. As informações sobre o roubo foram divulgadas pelo jornal “Le Parisién” e confirmadas pelo g1.

O “Parisién” afirma que, entre os itens subtraídos, estavam um relógio Rolex, uma joia cravejada de diamantes e notas de euro e de dólar.

Zico estava em frente ao hotel onde está hospedado, do 19º distrito de Paris, junto com sua mulher, saindo do carro de uma empresa de transporte. A suspeita é que os ladrões agiram em dupla — enquanto um distraía o casal e o motorista, o outro abriu o carro e levou a mala embora.

Até as 8h da manhã desta sexta-feira, nem o jogador, nem sua assessoria haviam se manifestado publicamente sobre o episódio.

Embaixador nos Jogos Olímpicos

Zico foi anunciado como Embaixador do Time Brasil em fevereiro. A ideia do COB era ter nesse posto um ídolo do esporte brasileiro que nunca tinha disputado os Jogos Olímpicos.

O ex-jogador participou do Pré-Olímpico para Munique-1972, mas ficou fora da lista final. Na ocasião, o Brasil caiu na fase de grupos após fazer apenas um ponto.

“Fiquei muito sensibilizado e feliz, por ser do esporte, por adorar participar e ver competições de outras modalidades. Recebi o convite do COB, aceitei de imediato. É uma honra para nós, como brasileiros. Não tive a chance de disputar os Jogos Olímpicos. Isso me frustrou muito na época, por ter jogado todo o Pré-Olímpico. Receber esse convite me fez ver que era a oportunidade de conhecer de perto uma competição que eu admiro bastante. É bacana para quem ama e adora o esporte” declarou Zico, na época.

Fonte: g1

Foto: Divulgação

MB Notícias

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Acidente me Júlio de Castilhos- RS deixa sete feridos

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Acidente veicular colisão frontal, na Br 158 próximo a entrada do Rincão dos Bastos, envolvendo um celta prata, de Júlio de Castilhos e uma Duster, de Tupã, resultando sete vítimas sendo dois ocupantes do celta e cinco na Duster..

Os cinco ocupantes da Duster- quatro deles da mesma família – sofreram lesões leves (motorista, 50 anos, natural de Tupanciretã; passageira, 38 anos, natural de Quevedos; passageira, 18 anos, natural de Tupanciretã; passageiro, 12 anos, natural de Tupanciretã; passageiro, 13 anos, natural de Ibirubá). Já os dois ocupantes do Celta, mãe e filho (condutora, 33 anos, natural de Gravataí, e passageiro, 8 anos, natural de São Miguel do Oeste), sofreram lesões graves.

O atendimento do acidente foi concluído pela equipe PRF e o trânsito flui normalmente no local.

Todos encaminhados ao HBSB para avaliação médica e exames complementares, vítimas com escoriações porém estáveis, atenderam a ocorrência Bombeiros Militar de Júlio e Santa Maria, SAMU Júlio, ambulância do município e PRF,

Fonte de texto:

Edição Galerananet e

PRF Santa Maria

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